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OITO TENDENCIAS DE SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL PÓS-PANDEMIA

Postado 30/04/2020

A pandemia mundial causada pelo coronavírus certamente deixará marcas na humanidade. A geração que está vivendo essa angústia, incerteza, perdas está tendo a oportunidade de repensar crenças, hábitos e atitudes. Está criando novas visões do mundo. Não sabemos quanto tempo a crise vai durar, mas já sabemos que ela veio para acelerar a transição da sociedade para formas de viver mais conectadas com a sustentabilidade.

É um longo período de home office, restrição de atividades em grupo, outras grandes mudanças em nossos meios de produção, convívio familiar e entretenimento. Isso vai transformar radicalmente o que consumimos e como consumimos.

Já é possivel vislumbrar algumas grandes tendências do mundo que virão por aí.

1. Maior credibilidade da ciência, principalmente em sua capacidade de antecipar perigos. Menos espaço para negacionistas.

Os cientistas alertaram que uma epidemia dessas poderia ocorrer e as consequências que poderiam trazer. Os cientistas vêm alertando para outros riscos, como na área ambiental. É provável que a lição trágica de tentar negar o conhecimento e os alertas científicos seja aprendida por muitos líderes e por cidadãos comuns. Seria um grande ganho para todos, porque poderíamos parar de gastar energia tentando convencer um grande número de desinformados que o consenso científico não vem por acaso e dedicar tempo e recursos preciosos para resolver os problemas, ou reduzir seus danos.

2. Valorização das coisas simples versus consumismo

Estamos lutando por nossas vidas, e pela vida das pessoas que amamos. Estamos sacrificando nosso conforto (ficando em casa) e boa parte de nossas riquezas (optando por medidas com impacto econômico) para isso. Depois disso viveremos dias difíceis, mas será possível saber que superamos um desafio gigante. Essa experiência forte já está levando algumas pessoas a valorizar as relações humanas, a família, pequenos prazeres, objetos do dia-a-dia, aquilo que temos em casa. As pessoas estão buscando mais fortalecer sua espiritualidade, pensando mais em aproveitar o presente. Haverá um resgate de estilos de vida simples, mais focados nas relações humanas, na saúde e na felicidade, e menos na acumulação de bens tidos como supérfluos. 

3. A expansão das atividades humanas que dispensam o deslocamento físico

Sim quando saímos do isolamento voltaremos a nos encontrar, a viajar, a participar de eventos. Mas os meios de comunicação remotos vieram para ficar. Durante o período da epidemia estamos desenvolvendo formas eficazes de trabalhar, fazer compras, falar com os amigos, tudo à distância. Descobriremos que muitas viagens de carro e de avião são desnecessárias mesmo. Durante a retomada, com a economia retraída, será mais difícil encontrar trabalho estável, e mais gente permanecerá em casa, com tarefas esporádicas remuneradas. Isso tudo reduzirá o trânsito. Queimaremos menos combustível, perderemos menos tempo no congestionamento, deixaremos o ar das cidades mais limpo.

4. Aumento da solidariedade

A epidemia ameaça a todos. Controlar a velocidade de contágio é um esforço coletivo. Estamos vendo manifestações gerais de solidariedade com doações materiais, com esforços conjuntos de empresas para desenvolver material de higiene ou equipamentos médicos. É comprovado que hábitos e práticas mantidos por um tempo com regularidade, reforçadas por incentivos positivos, tendem a se firmar. Isso significa que quando a crise do Covid-19 passar, essa confiança recíproca adquirida será mantida e será aplicada para resolver outras questões que afetam a todos, como muitos dos desafios ecológicos, como o uso equilibrado de recursos compartilhados: rios, florestas,..

5. Compreensão de que o mundo está conectado

Os países bem que tentaram fechar suas fronteiras, para reduzir a velocidade do contágio. Mas é uma medida paliativa. Só será possível eliminar o risco do Covid-19 quando todos os países conseguirem exterminar o vírus. As grandes questões ecológicas da atualidade também têm essa característica. As emissões dos SUV com um passageiro nos Estados Unidos e do desmatamento na Amazônia brasileira estão alterando o clima do planeta inteiro, provocando elevação desastrosa do nível do mar em Bangladesh e agravando os incêndios florestais na Austrália. Quando a crise tiver passado, é possível que esteja mais claro que a segurança de cada país depende, em boa parte, na estabilidade do resto do planeta.

6. Crítica à produção industrial de animais que dá origem a novas doenças

Ninguém está falando muito disso agora. Mas muitos dos processos de produção industrial de animais criam vulnerabilidades para o surgimento de doenças potencialmente catastróficas. O Covid-19 provavelmente veio de práticas de armazenar animais selvagens presos em jaulas sem condições de higiene, para consumo humano na China. Os sistemas industriais de produção animal são fontes potenciais permanentes de novos vírus capazes de gerar pandemias piores do que a atual, já vivemos outras experiências como a gripe suína H1N1, gripe aviária H5N1, e outras tantas. Agora, diante do trauma do Covid-19, as autoridades e, principalmente os consumidores, deverão questionar a necessidade de medidas de precaução. Elas envolvem grandes mudanças na lógica da produção em massa.

7. Menos ar condicionado e mais janelas abertas

O sol e o ar puro estão sendo louvados como fatores de prevenção ao contágio do Covid-19. Estamos sendo orientados a desligar o ar condicionado nas residências e áreas comerciais, abrir as janelas e deixar o ar de fora entrar. O uso excessivo de ar condicionado está associado a doenças respiratórias e alérgicas. A quarentena trará de volta a valorização de projetos arquitetônicos que aproveitam a circulação natural de ar. Isso será bom não só para nossa saúde, mas também na redução do consumo de energia e de vazamento para a atmosfera de gases refrigeradores com alto potencial de efeito estufa.

8. Valorização das áreas naturais

Longas semanas de confinamento dentro de apartamentos, olhando para a paisagem urbana na janela. As pessoas já estão manifestando desejo de maior contato com a natureza.  O ar puro e a paisagem natural têm efeito reconhecido para a saúde mental, para recompor a imunidade.

Não seremos ingênuos em pensar que todas essas lições tornarão nossas sociedades mais saudáveis. Mas a resiliência das famílias, das comunidades e dos países reside em sua capacidade para aprender com o sofrimento e buscar mais sustentabilidade.

Naturalmente sairemos desse momento com dois grandes aprendizados: a força do coletivo e a atenção a natureza.

FONTE: Texto adaptado de Alexandre Mansur

 

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